28 de junho de 2012

Sob o mármore frio...

Não era a minha intenção entrar lá. Tinha muito tempo que eu não visitava seu túmulo e nem pretendia fazer isso tão cedo. Só que algo maior do que eu me levou para dentro daquele cemitério.
Eu caminhei, debaixo da chuva fina desse dia tão chuvoso do fim de junho, buscando o local em que você estava. Porque eu ainda me lembro, infelizmente... Meus pés e minha mente marcaram o local e eu fui parar lá inconscientemente. Porém o que eu vi não era o que eu esperava.
Tudo estava diferente. Tinham construído a sua lápide. O que antes era só cimento sobre você e meu avô, hoje está ornamentado e com o seu nome, escrito em letras garrafais. Muito digno, para a pessoa tão excepcional que o senhor era. Não que a aparência tenha muita importância, já que você não está mais lá. Só são ossos, roupas velhas e uma bandeira do Bahia dentro de um caixão de madeira. Você está aqui bem perto de mim e talvez tenha sido a sua presença que me dirigiu para lá novamente.
Na verdade, o que me tocou e importou foi o seu nome "JOÃO JAKSON OLIVEIRA DE SOUZA" lá escrito, com a data da sua vinda à esse mundo cruel e a data lastimável que até hoje me atormenta e entristece. Parece que ler aquilo tornou tudo mais real, mesmo depois de 3 anos. Foi nesse momento que as gotas da chuva se misturaram com as gotas que saiam dos meus olhos, sem nem pedir permissão. Eu não sabia o que era choro ou chuva. Só sabia que eu limpava meu rosto, tentando disfarçar a água que escorria ali. Mas não tinha necessidade, afinal... Eu estava sozinha. Olhando para uma cruz sobre uma lápide, com uma camisa de torcida organizada já gasta por cima e o seu nome escrito. Aquela lápide me deixou tocada, não esperava que alguém fizesse isso. Eu queria fazer aquilo. Porém, depois de ver que o que um dia foi meu pai estava ali, dentro de uma caixa de mármore fria e cinzenta num dia tão feio e chuvoso, eu pensei bem. Que na verdade, eu queria o senhor aqui, no meu abraço, quente e vivo...

E não dentro de uma representação de algo que me faz sofrer muito, até hoje: A MORTE.


No one ever said it would be this hard...
Oh, take me back to the start.
Categories:

Um comentário:

  1. Odeio ver seu sofrimento diante de algo tão irremediável e feio como a morte. Odeio saber que não posso fazer nada pra te confortar, mas quero muito que saiba que estou aqui pra se preciso for.
    Sei que teu pai é o anjo em teu ombro.
    Lembra sempre disso.

    Te amo ! Rafaella Costa xx

    ResponderExcluir