2 de maio de 2014

voar e pousar

ASAS. 
Quando me disseram que um dia eu sairia debaixo das de meus pais e alçaria vôo sozinha céus afora, era fácil de entender. Porém quando você vive, é totalmente amargo e doloroso. 
Quando minha mãe disse que era a minha hora de abrir as asas, ela não me avisou que o tombo daquele penhasco ia ser tão alto e que quando eu me estabilizasse no ar, eu migraria para tão distante de meu ninho. 
Cada vôo de ida e cada um de volta é mais cansativo do que nunca. A distância é tamanha que me impede de correr rapidamente para meu lar quando as asas estão feridas de tanto bater.
Há momentos em que quero voar para outros destinos, sem olhar para trás, mas sei que o sentimento de voar para casa nunca vai me deixar. Sempre que eu sinto falta de meus melhores abraços, carinhos, conselhos, sorrisos, minha bússola, desafiando toda a física do mundo, aponta para o sul. O sul desse meu nordeste, para o nordeste da minha Bahia, numa pequena cidade onde a serra não é grande, mas quando o sol a toca, a cidade brilha em dourado, em uma luz que me indica para onde eu sempre tenho que voltar. A luz do meu farol. Personificada naquela que me deu a luz do mundo. 
Minha mãe.
Meu pouso seguro.

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